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Entender as nove principais abordagens de mitigação de emissões

Como alavancar as principais abordagens de mitigação de emissões

Para visualizar um caminho claro para o Net Zero, vale a pena entender as principais abordagens de mitigação de emissões à disposição de sua empresa. Embora cada aplicação varie de acordo com a empresa, setor e região geográfica, juntamente com diferentes níveis de maturidade e custos e impactos climáticos e nos negócios, essa seção apresenta avaliações generalizadas ao longo das principais dimensões, com base em casos de empresas e outras experiências. Colocamos essas abordagens de mitigação em ordem para que correspondam à Figura 1 abaixo.

Figura 1: Ordem das abordagens de mitigação e respectivas descrições. Fonte: BCG.

Circularidade

Descrição

A circularidade envolve a redução do uso de matéria virgem, matéria-prima primária e resíduos gerados, por meio de um projeto circular (ou seja, modularidade, ecodesign, durabilidade), produção sustentável, reuso, remanufatura e reciclagem de materiais usados, conforme aplicável. Em escala, isto seria uma ruptura significativa do modelo linear extrair-produzir-descartar que predomina na maioria dos setores, onde os produtos são produzidos, utilizados por um período limitado e depois eliminados em aterros ou incinerados.

Impacto climático

Essa abordagem permite que as empresas manufatureiras reduzam suas emissões de Escopo 1 e 2 associadas à produção de novos bens; os clientes downstream são capazes de reduzir suas emissões de Escopo 3 upstream geradas pelos fornecedores. Além disso, em muitos casos a circularidade pode ser especialmente útil em setores “hard-to-abate”.

Impacto nos negócios

Benefícios: Em muitos casos, a circularidade melhora a eficiência dos materiais e dos custos com o aumento da proporção de materiais secundários e redução de resíduos. Além disso, a circularidade pode reduzir custos de bens adquiridos.

Custo de mitigação indicativo (Todas as estimativas de custos de mitigação, incluindo estimativas específicas do setor, têm como base a experiência do projeto BCG. Os custos variam entre setores, aplicações e regiões geográficas). Custos de abatimento representam o custo de reduzir emissões. Custos de abatimento positivos indicam uma despesa para alcançar reduções, enquanto custos de abatimento negativos sugerem uma economia líquida (redução de custos agregados) ou benefício econômico ao implementar as medidas de redução. Um sinal de menos abaixo indica estas oportunidades de redução de custo.

  • Vidro (recipientes): aumento da taxa de reciclagem: € 20/t CO2e

  • Vestuário/ têxteis: desenhar vestuários com menos insumos, menos insumos mistos e maior durabilidade: -€ 100-150/t CO2e (economia líquida)

  • Embalagens plásticas: utilização de material plástico secundário via reciclagem mecânica: € 15/t CO2e

  • Cimento: substituição do calcário por matérias-primas descarbonizadas (subprodutos, resíduos, cimento reciclado): € 5/t CO2e

  • Aço: Maior uso de sucata na produção em fornos elétricos a arco (EAF): -€ 40/t CO2e (economia líquida)

Exemplos

Vidro (garrafas de bebidas): Desenvolvimento de um esquema de devolução remunerada: Em 2022, a empresa cervejeira dinamarquesa Carlsberg lançou um esquema de devolução na Letônia para a sua marca local Aldaris, inclusive ajudandor a criação de um programa de devolução de garrafas aprovado pelo governo letão e mais tarde exigindo que os varejistas vendessem garrafas com um rótulo anunciando o esquema de devolução - depósitos. Essa iniciativa resultou em uma taxa de devolução de 66% para garrafas pertinentes, bem acima dos 36% atingidos em 2021, incluindo alguns meses com taxa de devolução de 100%, desde que a exigência do rótulo no varejo foi implemtada (2) p34.

Vestuário/ têxteis: Reduzir o consumo de bens produzidos para diminuir a atividade associada à produção: A Patagônia introduziu várias iniciativas para diminuir o consumo de novos bens manufaturados, incluindo sua parceria Good Threads iniciada em 2022 com o eBay para permitir o comércio de roupas velhas e iniciativas para aumentar a qualidade de seus produtos têxteis para incentivar os consumidores a usarem as mesmas roupas por bastante tempo (3).

Embalagens plásticas: Reciclagem de plásticos em embalagens, eletrônicos e produtos químicos: a australiana Close the Loop transforma cartuchos de impressora usados e outros plásticos macios em rodovias, misturando esses materiais com asfalto e vidro reciclados para produzir um material via que dura até 65% mais do que o asfalto tradicional (4).

Para mais informações, consulte os seguintes estudos de caso na Action Library: Implementar a circularidade nas cadeias de valor para reduzir emissões/resíduos. Melhorar a pegada ambiental dos produtos com design ecológico.

Eficiência de materiais e processos

Descrição

Melhorias de processos e tecnologias podem aumentar a eficiência energética e dos materiais utilizados nos atuais processos industriais, incluindo um grande número de otimizações dependentes do setor e das instalações. Exemplos incluem ajustar a temperatura, a pressão e o tempo de certas etapas de manufatura para obter a mesma qualidade do produto e, ao mesmo tempo, economizar energia; utilizar bombas de acionamento de frequência variável que desaceleram quando a demanda de fluido é menor; utilizar água a altas temperaturas para aquecimento ao invés de vapor para poupar energia; reciclar calor residual; ajustar processos para consumir menos material e reciclar “resíduos”, etc. A eficiência dos materiais também tem o benefício adicional de gerar economias ao diminuir o uso de energia necessária para processamento dos materiais.

Impacto climático

Essa abordagem permite que as empresas manufatureiras reduzam suas emissões de Escopo 1 e 2 associadas à produção de novos bens ou serviços e, para clientes downstream, reduzam as emissões de Escopo 3 uspstream vinculadas aos bens e serviços adquiridos.

Impacto nos negócios

Benefícios: Melhorias na produtividade e economia de custos com o menor consumo de materiais e energia e o design eficiente de produtos. Esse benefício está frequentemente associado à eficiência geral dos processos comerciais e ao uso mais inteligente de todos os recursos disponíveis, resultando em maior produtividade e custos mais baixos.

Custo de mitigação indicativo

  • Têxteis: redução da superprodução e aumento da eficiência: -€ 90/t CO2e (economia líquida)

  • Mineração: maior eficiência em máquinas elétricas, ex: triagem a granel, moinhos, trituradores, transportadores: -€ 10/t CO2e (economia líquida)

  • Aviação: maior eficiência de aeronaves através de peças e configurações reprojetadas: € 100 - 10/t CO2e (potencial economia de custos)

Exemplos

Têxteis: A Ralph Lauren iniciou a produção customizada sob demanda de suas camisas polo exclusivas por meio de investimentos e colaborações com fornecedores de soluções na fabricação de vestuário sob demanda, incluindo softwares e plataformas de infraestrutura. Desde o lançamento dessa iniciativa, a empresa observou uma redução significativa na superprodução da camisa polo exclusiva e mais flexibilidade nos prazos de envio (5).

Mineração: Utilização de um sistema de transportes alternativo ao transporte por caminhões para melhorar a eficiência do processo de produção: a BHP recebeu de seu fornecedor a primeira correia transportadora neutra em carbono em 2022 para diminuir suas emissões em instalações de mineração de cobre no Chile (6).

Aviação: Produtos leves: Desde 2023, a Airbus trabalha na criação de asas leves para desenvolver uma aeronave mais eficiente em termos de combustível para substituir sua linha atual de jatos de corredor único (7). Essa iniciativa alcança o triplo objetivo de utilizar menos material no processo de fabricação, reduzir a energia necessária para processar o material e reduzir o uso de energia durante a vida útil da aeronave.

Para mais informações, consulte os seguintes estudos de caso na Action Library: Reduzir as emissões de CO2 do forno com um trocador de calor. Otimizar a eficiência do chiller com inteligência artificial.

Energia renovável

Descrição

A utilização de energia renovável envolve substituir a geração de energia convencional, baseada em energia fóssil, por fontes de energia renováveis, inclusive energia eólica, solar, hidroelétrica ou outras fontes de energia não baseadas em combustíveis fósseis, reduzindo as emissões relacionadas com energia.

Impacto climático

Essa abordagem permite que as empresas abordem a questão de suas emissões de Escopo 1 e 2, mudando para fontes de energia renováveis em seus ativos e instalações, sendo que os clientes downstream são capazes de reduzir suas emissões de Escopo 3 upstream associadas aos fornecedores. É importante notar, no entanto, que nem todas as fontes renováveis são inerentemente livres de emissões: por exemplo, a biomassa, quando renovável, pode ter graus variados de emissões de GEE a depender de sua fonte e processamento.

Impacto nos negócios
  • Benefícios: Dependendo do mercado de energia local e das considerações do tipo de sistema fora/dentro da rede, a energia elétrica renovável pode reduzir as despesas operacionais relacionadas com energia de sua empresa.

  • Custo de mitigação indicativo:

  • Manufatura: utilização de energia renovável para a produção: <€ 10-15/t CO2e (potencial economia de custos)

  • Tecnologia: Utilização de energia 100% renovável para operações corporativas e datacenters: <€ 10/t CO2e (potencial economia de custos)

Exemplos

Manufatura: Instalação de energia eólica no local: empresa líder mundial em cozinhas e eletrodomésticos, a Whirlpool Corporation construiu unidades de geração de energia eólica em Ohio para abastecer quatro usinas e tem planos de construir um parque eólico no Texas e expandiro uso de energias renováveis locais, entre outras iniciativas (8).

Tecnologia: A aquisição de contratos de compra de energia verde (PPAs), que permitem o compartilhamento do consumo de energia, é um meio para implementar grandes instalações renováveis, como parques solares ou eólicos. Esses complexos podem estar localizados próximos das instalações corporativas ou até mesmo a centenas de quilômetros de distância para maximizar o potencial de energia renovável. Em 2023, a Google assinou um PPA de energia solar de 40 MW para adquirir energia solar da EDPR nos Países Baixos e atender suas operações holandesas. (9).

Para mais informações, consulte os seguintes estudos de caso na Action Library: Aproveitar o PPA para eletricidade renovável. Mudar para energia solar com energia fotovoltaica em telhados.

Calor renovável

Descrição

Calor renovável envolve a substituição da geração convencional de calor, baseada em energia fóssil, por fontes de energia renováveis, o que se aplica ao aquecimento de água e de ambientes residenciais e comerciais, bem como a processos de fabricação com maior produção de calor. (A refrigeração utilizando energia renovável não está incluída nesta abordagem, especialmente porque a maior parte da refrigeração já ocorre utilizando energia elétrica, o que pode ser abordado através de abordagens de eficiência e energia elétrica renovável. Dentro dessa estrutura, isto é capturado em (II) eficiência de materiais e processos e (III) energia renovável).

Impacto climático

Essa abordagem permite que as empresas abordem suas emissões de Escopo 1 através de menores emissões diretas/relacionadas com combustíveis no local, e emissões de Escopo 2 através da compra de calor (ex: vapor) junto a um fornecedor de calor renovável. Os clientes downstream são capazes de reduzir suas emissões de Escopo 3 upstream associadas aos fornecedores. É importante notar, no entanto, que nem todas as fontes renováveis são inerentemente livres de emissões: por exemplo, a biomassa, quando renovável, pode ter graus variados de emissões de GEE a depender de sua fonte e processamento. Assim, fatores de emissão específicos de diferentes fontes de energia devem ser considerados

Impacto nos negócios

Benefícios: Menores custos operacionais relacionados ao aquecimento

Custo de mitigação indicativo:

  • Construção civil: utilização de aquecimento elétrico renovável de baixa temperatura para escritórios: € 40/t CO2e

  • Aço: substituição de outros tipos de fornos por fornos de arco eléctrico: € 60/t CO2e

  • Produtos químicos: substituição de calor abaixo de 150 °C por bombas de calor e aquecimento elétrico direto: € 40/t CO2e. Observe que, com as tecnologias atuais, a utilização de aquecimento renovável em processos industriais de alta temperatura (acima de 500 °C) tem muitas vezes um custo de mitigação superior a € 100/t CO2e, embora isto represente uma pequena proporção das emissões de aquecimento. Para mais informações, consulte Mudar para energias renováveis para descarbonizar o calor industrial.

Exemplos

Aquecimento predial: Utilização de bombas de calor para calor de baixa temperatura: A Bosch está fornecendo bombas de calor geotérmico ao Bard College, em Nova Iorque, com a ajuda de subsídios estatais, com o objetivo de atingir 100% de aquecimento geotérmico no local. Em 2022, a Bosch atingiu 40% de energia geotérmica, com a conclusão da mudança projetada para uma economia anual na faculdade de cerca de US$ 100.000, além da redução de suas emissões de carbono. (10).

Produção de aço: Utilização de fornos elétricos a arco para aplicações de alta intensidade: Em 2023, a ArcelorMittal investiu €67 milhões em um em um novo forno eléctrico a arco com o apoio do Ministério da Economia de Luxemburgo para redução das emissões em sua produção de aço. A expectativa é que essa tecnologia reduza as emissões da produção de aço em 80% (11).

Produtos químicos: Em 2022, a BASF estabeleceu uma parceria estratégica com a MAN Energy Solutions para construção de bombas de calor industriais em Ludwigshafen para reduzir sua necessidade de combustíveis fósseis. As bombas de calor produzirão calor utilizando energia renovável, complementando com o calor a base de resíduos das instalações de produção da BASF e dos sistemas de resfriamento de água para gerar grande parte do vapor necessário para uso na produção. A integração da bomba de calor planejada poderá resultar em mais de 150 toneladas métricas de vapor por hora, o equivalente a uma produção de calor de 120 MW, segundo a MAN Energy Solutions. (12).

Para mais informações, consulte os seguintes estudos de caso na Action Library: Mudar para energia renovável para descarbonizar o calor industrial. Optar por aquecimento solar térmico de água.

Novos processos

Descrição

Vários processos, normalmente na indústria pesada ou em setores hard-to-abate, produzem altos volumes de emissões devido às reações químicas básicas envolvidas, como na produção de cimento, aço ou no refino químico. Serão necessários novos processos e tecnologias de produção de baixo carbono para uma descarbonização profunda desses setores. Alguns exemplos incluem a utilização de ferro reduzido direto (DRI) em processos de produção de aço, a utilização de materiais cimentícios suplementares, mineralização e outros processos inovadores para a produção de cimento de baixo carbono, e a utilização de silício de qualidade metalúrgica melhorado ao invés de polissilício em painéis solares. O polissilício é mais barato e consome menos energia em sua fabricação quando comparado ao monossilício, e o uso do polissilício pode resultar em economia de custos, energia e emissões. Mas o refino do polissilício também pode consumir muita energia por si próprio. O silício de grau metalúrgico aprimorado oferece uma rota de fabricação que consome menos energia. Os processos de fabricação e refino evoluíram nos últimos anos para permitir, primeiro, a mudança do monossilício para o polissilício e, em seguida, para processos menos intensivos em energia para integração do polissilício e, em seguida, para o uso de silício de grau metalúrgico aprimorado, para manter/alcançar eficiência solar razoável e, ao mesmo tempo, melhorar a sustentabilidade.

Impacto climático

Essa abordagem reduz todas as emissões de Escopo 1 e 2 relacionadas aos processos afetados, mas também poderia reduzir as emissões de Escopo 3 de bens e serviços adquiridos.

Impacto nos negócios

Benefícios: Potencial para transformar processos que consomem muita energia, resultando em economia de custos. Também pode resultar em menor custo de matéria-prima se mais conteúdo reciclado for incorporado ao processo.

Custo de mitigação indicativo:
  • Aço: Transformação de aço aplicando redução direta do minério de ferro usando hidrogênio: € 90-150/t CO2e

  • Petróleo & Gás: Redução das emissões diretas causadas por queimas: <€ 20/t CO2e (potencial economia de custos)

  • Cimento: uso de clínquer de cimento alternativo (ex: SAC = Clínquer Sulfo-Aluminato; FAC = Clínquer Ferro-Aluminato): € 10-15/t CO2e

Exemplos

Aço: Utilização de hidrogênio ao invés de carbono no processo de redução do minério de ferro: A SSAB, maior produtora de minério de ferro da Europa, e a Vattenfall, uma das maiores empresas de energia da Europa, planejam lançar no mercado aço livre de produtos fósseis até 2026, substituindo o carbono à base de carvão por hidrogênio verde (produzido por eletrólise) no processo de fabricação (conhecido como H2-DRI) em sua nova fábrica HYBRIT (13). A Volvo firmou parceria com a SSAB para construir os primeiros veículos utilizando aço livre de produtos fósseis no mundo (14).

Petróleo & Gás: Redução das emissões de metano: a Crusoe Energy Systems, startup dedicada a reduzir as emissões de queima de metano aproveitando sua energia por meio de mudanças de infraestrutura, arrecadou mais de US$ 450 milhões desde 2021 e tem um projeto piloto com a Exxon em andamento projetado para reduzir imediatamente as emissões devido à queima na planta piloto em 63% em comparação com a queima contínua (15).

Cimento: O estado da Califórnia promulgou uma lei em 2021 declarando que todo o cimento usado na Califórnia precisará atingir emissões net zero até no máximo 2045. O Conselho de Recursos Aéreos da Califórnia (CARB) tem explorado ativamente diferentes caminhos para tanto, uma vez que a Califórnia é o segundo maior estado produtor de cimento nos EUA. A solução de curto prazo mais impactante sendo explorada é utilizar menos clínquer e substituí-lo por alternativas com baixo teor de carbono. Argila calcinada, calcário moído ou pozolanas naturais são alternativas de baixo carbono, além de alterar a receita do concreto, substituindo o cimento tradicional por outros materiais como cinza volante, escória de aço ou vidro moído. (16).

Para mais informações, consulte os seguintes estudos de caso na Action Library: Aproveitar o hidrogênio verde para geração de amônia.

Soluções baseadas na natureza

Descrição

Soluções baseadas na natureza incluem o investimento na proteção de ecossistemas e outras abordagens de utilização do solo que reduzam as emissões de carbono; apoiar a biodiversidade, a água e outras metas ecológicas; e, idealmente, incentivar o sequestro de carbono natural. Para que sejam consideradas para as metas corporativas de mitigação de emissões, as soluções baseadas na natureza devem estar principalmente dentro da cadeia de valor (geralmente upstream). Dessa forma, a agricultura regenerativa representa uma ampla família de abordagens que podem ser implementadas pelas empresas do setor alimentar para reduzir suas emissões upstream. Outras práticas de conservação, incluindo a recuperação e utilização sustentável de sumidouros de carbono natural em ambientes não agrícolas (como florestas, pastagens, áreas alagadas e ecossistemas marinhos), podem ajudar a remover carbono da atmosfera, mas normalmente não seriam consideradas nas reduções de emissões na cadeia de valor. (mas, em vez disso, como compensações).

Impacto climático

Essa abordagem permite aos agricultores e outros proprietários de terras reduzir significativamente suas emissões de Escopo 1; as empresas downstream (ex: empresas alimentares e agrícolas) podem reduzir suas emissões de Escopo 3 uspstream associadas à agricultura.

Impacto nos negócios

Benefícios: Melhor resiliência da cadeia de suprimento em função da redução da dependência de fatores de produção externos, como fertilizantes, e melhor eficiência das terras agrícolas, gerando rendimentos mais elevados com menores custos de fatores de produção.

Custo de mitigação indicativo:

  • Agricultura de conservação/regenerativa: Empregar a agricultura de conservação, que utiliza perturbação mecânica mínima do solo, cobertura orgânica permanente do solo e diversificação de espécies, para aumentar a eficiência hídrica e de nutrientes, diminuindo o uso de água e as emissões baseadas em fertilizantes: <€ 20/t CO2e

  • Culturas de Cobertura: Plantar culturas de cobertura nos meses de inverno para reduzir o risco de lixiviação de nitratos e erosão do solo, melhorar a estrutura do solo, aumentar o sequestro de carbono e reduzir a necessidade de nitratos nos fertilizantes para solo na primavera: € 0-100/t CO2e

  • Digestão Anaeróbica de Chorume de Esterco de Gado: Implementação de digestores anaeróbicos para tratar excrementos de gado que de outra forma emitiriam metano: €90-150 /tCO2e

Exemplos

Agricultura Regenerativa “Resiliente”: A agricultura resiliente de coco nas Filipinas é uma iniciativa de 10 anos (2018-2028) na ilha de Mindanao, Filipinas, liderada pela Mars, Inc. em parceria com o Fundo de Subsistência para Agricultura Familiar, a Fundação de Desenvolvimento Rural Integrado e a Franklyn Baker, fabricante e exportadora de coco. Essa iniciativa visa ajudar os pequenos agricultores de Mindanao a aprender técnicas de agricultura regenerativa, melhorar seus rendimentos, diversificar culturas e garantir melhores preços para os seus produtos. (17).

Culturas de cobertura: Práticas agrícolas sustentáveis que incentivam o sequestro de carbono no solo: A Danone França comprometeu-se a utilizar a agricultura regenerativa para obter 100% de seus ingredientes até 2025. Ao introduzir mais de 20 espécies de culturas de cobertura em suas fazendas, a empresa pretende melhorar a saúde do solo, reduzir a erosão e atrair polinizadores. Além disso, criou o Centro de Conhecimento em Agricultura Regenerativa, um website de código aberto que compartilha conhecimento sobre o tema com agricultores e outros produtores em sua cadeia de abastecimento. A emissão dos produtores de laticínios já diminuiu em 9,3%. O objetivo é treinar 6.000 agricultores em práticas de agricultura regenerativa, capacitar cooperativas e fazer a transição de 10.000 hectares para a agricultura regenerativa. (18).

Digestores Anaeróbicos de Laticínios: A Brightmark Energy firmou parceria com quatro fazendas leiteiras no norte do estado de Nova York para usar digestores anaeróbicos que converterão um total de 225.000 galões de resíduos lácteos por dia, provenientes de cerca de 11.000 vacas, em biogás e outros produtos úteis. O processo recuperará a maior parte do nitrogênio e do fósforo do esterco para criar biofertilizantes balanceados. Adicionalmente, os digestores evitarão que o metano seja liberado para a atmosfera, reduzindo assim as emissões líquidas de GEE provenientes do estrume processado na instalação a uma taxa de 108.000 toneladas métricas por ano (19).

Para mais informações, consulte os seguintes estudos de caso na Action Library: Utilizar práticas regenerativas para reduzir as emissões agrícolas. Utilizar soluções baseadas na natureza como parte da ação Net Zero.

Mudança de combustível

Descrição

A mudança de combustível envolve substituir combustíveis fósseis por alternativas de baixo ou zero carbono, o que se aplica principalmente ao setor dos transportes, onde as fontes de energia de baixo/zero carbono incluem hidrogênio, biocombustíveis, combustíveis sintéticos para aviação (SAF), como bioquerosene, amônia verde ou a mudança para sistemas de transmissão elétricos. (Os combustíveis também podem ser trocados por alternativas de baixo carbono em setores não relacionados com transportes, como o setor industrial. Dentro dessa estrutura, a maioria destas aplicações são capturadas em (IV) calor renovável).

Impacto climático

Essa abordagem permite que as empresas diminuam suas emissões de Escopo 1 decorrentes do uso de combustíveis, bem como as emissões de Escopo 3 relacionadas a transporte, distribuição, viagens e deslocamentos casa-trabalho-casa. O potencial real de descarbonização depende das emissões do ciclo de vida da fonte de energia alternativa. Por exemplo, a pegada de carbono dos biocombustíveis considerará os materiais de biomassa utilizados; se, como e onde as culturas foram cultivadas; se as florestas foram desmatadas; e quais processos químicos foram utilizados para criar o combustível líquido final. No caso de mudança para a energia elétrica, o principal determinante do potencial de descarbonização seria a intensidade das emissões das redes locais/regionais.

Impacto nos negócios

Benefícios: Potencialmente melhor segurança energética, pois estará mais protegido de questões geopolíticas. Alguns combustíveis podem ser mais seguros de manusear.

Custo de mitigação indicativo:

  • Frete: mudança do diesel para combustível sintético (incluindo hidrogénio): € 60-100/t CO2e

  • Caminhões elétricos: utilização de caminhões elétricos a bateria para distâncias curtas e médias (serviço médio): <€ 10/t CO2e (excluindo infraestruturas de carregamento)

  • Aviação: mudança para combustível sintético de aviação (SAF): € 150-350/t CO2e. Custos de mitigação de € 300 /t CO2e, projetados para atingir €170 /t CO2e até 2030. A expectativa é de uma melhoria substancial devido à maturidade tecnológica, economias de escala e políticas públicas

  • Ferrovias: mudança de volumes de carga de caminhões a diesel para trens: <€ 10/t CO2e (potencial economia de custos)

Exemplos

Frete: Substituição de frotas próprias ou de terceiros à diesel para combustíveis verdes, como biodiesel, combustível sintético ou combustível de hidrogênio: a Hyzon Motors revelou um novo programa para converter caminhões a diesel em células de combustível de hidrogênio e já entregou dezenas de caminhões pesados com células de combustível para uma indústria siderúrgica em 2022, que deverá eliminar 30.000 toneladas de emissões de carbono nos próximos sete anos (20).

Caminhões elétricos: Substituição de combustíveis fósseis para equipamentos/veículos movidos a energia elétrica, especialmente para serviços de transporte de curta e média distância: O Serviço Postal dos Estados Unidos comprometeu-se a mudar para uma frota de entrega totalmente elétrica e anunciou a implementação de mais de 66.000 veículos elétricos até 2028 (21).

Aviação: O Departamento de Defesa dos Estados Unidos, em colaboração com a Força Aérea americana, com o Fundo de Melhoria da Capacidade Operacional de Energia e com o Departamento de Energia, assinou um contrato de até US$ 65 milhões com a Air Company para a criação de combustíveis sintéticos para uso na logística de combustível de aeronaves de defesa. O desenvolvimento e a implantação da produção de combustível no local serão mais resilientes e sustentáveis, não apenas para os militares, mas para a sociedade como um todo (22).

Para mais informações, consulte os seguintes estudos de caso na Action Library: Mudar de veículos de passageiros ICE para FCEV. Mudar de caminhões ICE para FC no transporte; Mudar de caminhões ICE para BEV no transporte; Mudar de veículos de passageiros ICE para BEV.

Captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS)

Descrição

A captura de carbono envolve a captura de dióxido de carbono (normalmente proveniente de processos industriais ou de geração de energia) antes de entrar na atmosfera, processá-lo e transportá-lo e armazená-lo ou utilizá-lo em outra etapa de fabricação. As emissões podem ser capturadas a partir de fontes pontuais ou diretamente da atmosfera (embora atualmente menos viável comercialmente). Embora a CCUS seja uma ferramenta relevante, ela não deve ser vista como um método primário de redução; ela é uma medida complementar a reduções absolutas de emissão. CCUS de forma geral não é considerada uma alavanca de redução de emissões pelo SBTi até que a companhia tenha alcançado reduções significativas de emissões.

Impacto climático

É possível reduzir as emissões em toda a cadeia de valor, geralmente associadas às emissões de Escopos 1 ou 2, se utilizado no setor energético; além de reduzir as emissões de Escopo 3 upstream dos usuários downstream. Se não estiver na cadeia de valor de uma determinada entidade, essa iniciativa poderá ser benéfica para compensações.

Impacto nos negócios

Benefícios: É possível as emissões remanescentes, eliminando a necessidade de pagar por quaisquer emissões de carbono (pode tornar-se especialmente relevante em setores com emissões intensivas).

Custo de mitigação indicativo: Média: mais de €100 /t CO2 (varia com base em vários fatores)

  • Produtos petroquímicos: utilização da captura e armazenamento/reciclagem de carbono (CCUS) para produtos químicos de alta concentração e processamento de gás natural: € 30/t CO2

  • Cimento: utilização de captura pontual de carbono na fábrica: € 120/t CO2

  • Energia: utilização do CCUS para capturar as emissões de carbono provenientes dos gases provenientes da exaustão de calor: € 150/t CO2

Exemplos

Produtos petroquímicos: Implementação de captura pontual em fábricas de produtos químicos: A Red Trail Energy em Dakota do Norte inaugurou uma planta de produção de etanol em escala comercial com um sistema integrado de captura de carbono em 2022, que deverá capturar e armazenar uma parte substancial das emissões da planta (23).

Cimento: A fábrica de cimento da Fortera em Redding, Califórnia, emprega atualmente tecnologia para captura de CO2 das emissões de gases de exaustão operacionais e o devolve ao forno, reduzindo a perda de CO2 e melhorando significativamente a eficiência com que o calcário bruto é transformado em cimento. O resultado é um produto com 60% menos intenso em emissões e capaz de ser misturado com cimento tipo Portland comum como material cimentício suplementar em uma proporção de cerca de 20% (24).

Energia: Implementação de bioenergia com captura e armazenamento de carbono (BECCS): A Drax, empresa inglesa de geração de energia, lançou um projeto piloto em duas usinas em 2019 e 2020 que utilizam bioenergia em conjunto com a tecnologia CCUS para a geração de energia elétrica. O plano é inaugurar a primeira usina de energia negativa em carbono do mundo até 2027, parte do primeiro cluster industrial Net Zero do mundo, que deve ser concluída em 2040 (25).

Redução de atividades

Descrição

A redução de atividades envolve a redução direta da quantidade absoluta de certas atividades dentro de sua organização que contribuem para as emissões.

Impacto ambiental

Essa abordagem reduz todas as emissões associadas à atividade reduzida, incluindo todas as emissões dos Escopos 1-3.

Impacto nos negócios

Benefícios: Geralmente resulta na redução de custos associados às atividades e também pode aumentar a eficiência dos processos de negócios.

Custo de mitigação indicativo: Muitas vezes negativo, indicando economias com a redução, embora as organizações devam ter cuidado para não afetar os fluxos de receitas.

Exemplos

Negócios: Redução das viagens de negócios: como parte de suas iniciativas para alcançar Net Zero, a Swiss Re, a Fidelity, a Pfizer e a BCG comprometeram-se a reduzir as viagens de negócios de suas empresas a partir de 2023. Viagens de negócios representam 15-20% das viagens aéreas, o meio de transporte com maior intensidade de emissões (26).