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Transformar seu talento para incluir competências e expertise em clima em toda a organização

Como colocar o talento no topo da agenda de sustentabilidade de sua empresa

Embora cada empresa seja única e exija uma abordagem personalizada, um estudo do BCG sobre a importância do desenvolvimento de talentos para a área de sustentabilidade concluiu que a transformação climática da maioria das empresas segue três fases gerais: (I) Mobilizar, (II) Incorporar e (III) Acelerar (veja a Figura 11 a seguir). Cada fase requer competências específicas e perfis de talentos para uma transição climática bem sucedida, sendo que cada uma apresenta os seus próprios desafios a serem superados. Dessa forma, as informações nesta etapa são relevantes não apenas enquanto sua empresa se prepara, mas durante toda a sua jornada climática. No entanto, discutimos o assunto aqui porque nunca é cedo demais para ter uma visão de longo prazo da jornada de desenvolvimento de talentos. Além disso, esta etapa inclui uma seção sobre como aprimorar a qualificação além de sua organização, incluindo fornecedores, parceiros e clientes.

Figura 11: Resumo da abordagem trifásica (1) p10.

Fase I: Mobilizar – criar o talento catalizador

Observação: Alguns elementos desta seção são abordados anteriormente em Preparar

Como dar os primeiros passos em direção a uma força de trabalho Net Zero

Mobilizar envolve dar os primeiros passos em direção à sustentabilidade com um núcleo central de líderes e defensores da sustentabilidade. Os principais objetivos da empresa neste momento provavelmente incluirão responder às necessidades dos stakeholders, cumprir regulações, aproveitar oportunidades de negócios e moldar a sua ambição e estratégia climática.

Talentos necessários: Para atingir os objetivos acima, sua empresa deve designar um núcleo pequeno e central de pessoas dentro da organização para dar os primeiros passos fundamentais na definição e estabelecimento de compromissos, bem como conquistar e mobilizar stakeholders em direção a uma estratégia climática clara e ambiciosa. A maioria dessas pessoas pode ser considerada como atletas generalistas, familiarizados com os múltiplos aspectos da empresa e ansiosos e capazes de aprender as melhores práticas de sustentabilidade. Nesta fase, o talento em sustentabilidade é principalmente local, com 68% dos líderes de sustentabilidade vindos de dentro das empresas (Figura 10), de acordo com uma pesquisa do BCG.

Competências e capacidades necessárias: Durante esta fase, a incipiência de competências, ou a ausência de competências de sustentabilidade nas empresas, é muitas vezes a maior barreira à melhoria de competências.

O grupo principal deve ter conjuntos de competências multidisciplinares no início do processo para lançar a jornada e catalisar a ação. Essas competências devem ser nos setores de sustentabilidade, transformação e dados e digital (ver Figura 13 para uma lista mais detalhada). É preciso se concentrar em indivíduos e equipes com habilidades e capacidades para avançar rapidamente na curva de sustentabilidade. Embora grande parte dessa qualificação ocorra através da aprendizagem no local de trabalho, ela pode e deve ser auxiliada com recursos suplementares, incluindo materiais publicados e conferências. O esforço deve se concentrar principalmente em aprimorar as competências de sustentabilidade dos atletas generalistas que já estão na organização, uma vez que esta estratégia se revelou mais eficaz do que ensinar o modelo de negócio de uma organização aos novos profissionais de sustentabilidade contratados.

No entanto, também é preciso contratar talentos de nicho em sustentabilidade para complementar sua equipe atual. Esses talentos podem ajudar sua empresa a gerir as questões mais técnicas de governança climática. Por exemplo, algumas empresas podem achar que vale a pena contratar experts em contabilidade de carbono, pois pode ser difícil desenvolver essa competência dentro da empresa no curtíssimo prazo. Sua empresa também deve considerar terceirizar áreas climáticas selecionadas como uma medida temporária quando necessário, tendo em mente o objetivo final da organização de ter todas as competências climáticas necessárias dentro da própria organização.

Figura 12: Resultados da pesquisa sobre as competências necessárias no trabalho de sustentabilidade (3) p13.

Fase II: Incorporar – dimensionar, oferecer suporte e aprimorar competências

Como transformar estratégia em implantação

A fase Incorporar envolve a incorporação de competências de sustentabilidade em toda a organização dentro de unidades de negócios multidisciplinares, bem como a seleção de quais funções e equipes devem integrar iniciativas de sustentabilidade em seus processos diários e como fazê-lo. Esta fase permitirá que sua empesa otimize e até mesmo reimagine modelos e processos de negócios para atender às mudanças nas metas de sustentabilidade em toda a empresa.

Talentos necessários: Para tanto, sua empresa deve ter especialistas funcionais liderando a implantação de iniciativas de sustentabilidade em cada setor de sua organização. Durante esta fase, sua empresa também deve ter como objetivo aprimorar todos os talentos da organização que se adaptarão a novos processos e formas de trabalhar em virtude da transformação climática, tendo em mente o grau apropriado de conhecimento em sustentabilidade necessário. Esses funcionários devem desenvolver o entendimento e as habilidades analíticas necessárias para produzir de forma criativa oportunidades de criação de valor a partir das questões de clima/sustentabilidade e lidar com os riscos climáticos.

Competências e capacidades necessárias: O principal desafio desta fase é transformar as estratégias de sustentabilidade planejadas geradas na primeira fase em sustentabilidade aplicada. Dessa forma, treinamentos bem estruturados em sustentabilidade terão um papel fundamental.

As competências essenciais de sustentabilidade (ex: competências da equipe central da primeira fase) devem ser adotadas de forma mais ampla, para que as unidades e áreas de negócios sejam capazes de conduzir iniciativas de sustentabilidade de forma independente, com orientação limitada de terceiros.

Além disso, será especialmente importante treinar equipes de desenvolvimento de negócios em temas climáticos e capacitá-las para buscar vantagens competitivas a partir de ações contra a mudança global do clima e de sustentabilidade.

Tem havido várias abordagens comprovadas para passar da fase Mobilizar para Incorporar. Alguns exemplos incluem a aprendizagem em cascata através de uma Academia de Sustentabilidade dentro da empresa ou através de treinamentos realizados por fornecedores externos. Outra abordagem é estabelecer um Centro de Excelência multidisciplinar no qual novas práticas de sustentabilidade possam ser incubadas antes de sua adoção pelas unidades ou áreas de negócios. É também importante permanecer aberto à aprendizagem com os pares do setor, como aqueles liderados por associações setoriais, especialmente quando uma colaboração mais ampla vale a pena.

Com base em uma pesquisa realizada pelo BCG/Microsoft com diversas empresas, alguns exemplos de como diferentes funcionários podem precisar atualizar suas competências em sustentabilidade são apresentados na Figura 13 abaixo:

Figura 13: Competências para contadores, pessoal de compras, jurídico e compliance.

Fase III:Acelerar – capacitar, inspirar, crescer e evoluir continuamente

Como manter uma organização próspera e sustentável

A fase final, Acelerar, envolve apoiar e manter sua força de trabalho transformada, o que ajudará a integrar a sustentabilidade na estrutura cultural dos processos e propostas de negócios de sua empresa.

Talentos necessários: Para esta fase, todos os funcionários da organização devem estar envolvidos nos esforços de sustentabilidade.

Competências e capacidades necessárias: Grande parte desta fase envolve enfrentar o desafio de manter o dinamismo em escala, o que começa com a sua força de trabalho de sustentabilidade.

Sua empresa deve continuar a desenvolver conhecimentos operacionais e específicos de processos conforme necessário para sua organização e setor, refinando habilidades em resposta a tendências específicas e em evolução do setor e do mercado.

Um desafio fundamental está em apoiar e equipar sua força de trabalho no geral para navegar pelas mudanças na organização e nas tarefas diárias. O aprendizado contínuo para que seus funcionários expandam seus conhecimentos e conjuntos de competências é útil nesse sentido. Uma possibilidade é estabelecer parcerias com universidades com programas robustos de educação climática.

Ao mesmo tempo, reter os melhores talentos, mesmo à medida que crescem as oportunidades de mercado neste espaço, será um desafio fundamental. Algumas formas de reter seus principais talentos incluem institucionalizar cargos de sustentabilidade cobiçados, criar oportunidades de desenvolvimento atraentes para funcionários das áreas de sustentabilidade e definir planos de carreira novos e claros para que seu pessoal sustentabilidade progrida, inclusive potencialmente para altos níveis dentro da organização.

Indiscutivelmente, o desafio mais importante que as empresas normalmente enfrentam durante esta fase é tornar e manter a sustentabilidade uma parte central de sua cultura. Uma abordagem para integrar a sustentabilidade na organização pode ser conduzir discussões com base em valores com funcionários de todos os níveis e partes da organização. Acompanhar publicamente as metas de sustentabilidade da empresa também pode ajudar, assim como capacitar os funcionários para rastrear e abordar as contribuições individuais para o impacto ambiental e climático (por exemplo, através de uma precificação interna de carbono).